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'A gente não deve julgar a mulher', diz delegada sobre caso de vítima que defendeu marido após sofrer agressão no MA 'A gente não deve julgar a mulher', diz delegada sobre caso de vítima que defendeu marido após sofrer agressão no MA
Ao g1, a delegada Wanda Moura, chefe do Departamento de Feminicídio do Maranhão, destaca que, a mulher que defende o agressor pode ser uma vítima de violência emocional.
Por Werbete | 18/03/2024 - 22h20
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Nesta segunda-feira (18), repercutiu no Maranhão um vídeo que mostra uma mulher sendo brutalmente espancada pelo marido na cidade de Santa Inês, a cerca de 246 km de São Luís. O crime aconteceu no último sábado (16) (veja as imagens acima).

Após a repercussão do caso, a vítima foi às redes sociais defender as agressões praticadas pelo marido, identificado como Jhonata Silva dos Santos, de 28 anos.

No relato da vítima, que não será identificada nesta matéria para preservar a sua imagem, ela alega que essa teria sido a primeira vez que o homem praticava as agressões e que ele estava alcoolizado na hora do crime.

Ao g1, a delegada Wanda Moura, chefe do Departamento de Feminicídio do Maranhão, destaca que, infelizmente, há muitos casos como esse, em que a mulher é agredida fisicamente pelo companheiro e ainda assim defende o agressor. No entanto, essa mulher não deve ser julgada, pois ela pode ser uma vítima de violência emocional.

 

“Por conta dessa violência emocional e na verdade, por conta dessa dependência emocional que a vítima costuma ter com relação ao agressor, infelizmente, há casos em que, mesmo com o registro, mesmo com provas cabais, a mulher vem na defesa do agressor dizendo que não quer pedir medida protetiva de urgência, que não quer que ele seja preso, alegando, inclusive, que aquela foi a primeira vez. A gente não deve julgar a mulher por se comportar dessa forma. O que a gente deve fazer, é fazer cumprir a Lei Maria da Penha”, explica a delegada.

 

Outro ponto destacado pela chefe do Departamento de Feminicídio é que em casos de lesão corporal, no contexto de violência doméstica, o agressor tem que ser preso. E esse tipo de crime não depende de representação independente da vítima. Ela denunciando ou não, o agressor pode responder criminalmente.

“Nesses casos de lesão corporal, não precisa de representação. É crime de ação penal pública incondicionada, então ele vai responder ainda que a vítima venha a defendê-lo, como foi o que aconteceu, e o que se deve fazer é encorajar essa mulher, que ela tenha atendimento psicológico, que ela consiga perceber que ela está vivendo um relacionamento abusivo e que ela consiga sair desse relacionamento abusivo”, afirma.

Wanda Moura explica que a violência contra a mulher não deve ser denunciada apenas pela vítima, mas por qualquer pessoa que tenha conhecimento dessa violência, seja um familiar, amigo, colega de trabalho e vizinho. E essa denúncia pode, inclusive, ser anônima, sendo que o denunciante não será envolvido no processo que será instaurado. Quem denuncia ajuda os órgãos de segurança pública a salvar a vida de mulheres, interrompendo o ciclo de violência.

 

“Infelizmente como vivemos em uma sociedade machista, muitas vezes a própria família, amigos, talvez até pelo homem ainda ser o provedor da família, em alguns casos tenta aconselhar a mulher que é vítima desse tipo de violência, a não denunciar, a tentar assegurar o casamento em prol da família. Mas isso não é bom pra mulher, não é bom pros filhos, não é bom pra sociedade, porque essa violência tende a crescer cada vez mais e, se não for interrompida, essa mulher pode sim vir a sofrer o feminicídio”, destaca a delegada.

 

 

Relembre o caso

 

“A gente não deve julgar a mulher”, diz delegada sobre caso de vítima que defendeu marido após sofrer agressão no MA — Foto: Reprodução

“A gente não deve julgar a mulher”, diz delegada sobre caso de vítima que defendeu marido após sofrer agressão no MA — Foto: Reprodução

Um vídeo registrado por câmeras de vídeo monitoramento mostram uma mulher sendo brutalmente espancada nesse sábado (16), em Santa Inês. O suspeito da agressão é o marido da vítima, identificado como Jhonata Silva dos Santos, de 28 anos.

O crime aconteceu na rua Santa Cecília, no bairro Vila Militar. Nas imagens (veja o vídeo acima), é possível ver o momento em que a vítima é atacada, recebendo tapas e socos na região do rosto. Em seguida, ela é arrastada pelos cabelos na rua, e, na sequência, ainda é agredida com mais tapas.

Após a circulação das imagens nas redes sociais, policiais da Delegacia de Polícia Civil (PC-MA) foram até o local para investigar o crime. Ao conversar com os policiais, a vítima não quis registrar o boletim de ocorrência. Entretanto, as investigações sobre o caso já começaram mesmo sem a vítima registrar um B.O. contra o agressor.

De acordo com informações, o suspeito das agressões estaria embriagado e fugiu após a repercussão do vídeo. Ele está sendo procurado pela polícia.

Caso tenha identificado o suspeito, entre em contato, de forma anônima, com o Disque Denúncia Maranhão através do 181 (capital e interior) ou pelo WhastApp (98) 99224-8660 (que recebe também fotos e vídeos).

Fonte: g1